Capítulo 23: Rancho Dixon.

- E que idéia brilhante seria essa?Só a Linda vai estar lá?- Lysandre resmungou, já com vontade de chorar.Já tinha gritado fino como uma mulherzinha mesmo, por que não chorar também?

- Já mandei se acalmar. Pode convidar todas as amigas dela, e aí eu e os “namoradinhos”  delas vamos junto, as garotas vão se divertir sem saber de nada, e nós não vamos deixar a Amanda cruzar com a Linda na fazenda. Não, você sabe que a Linda sempre anda grudada com a Lizzie e o Léo. – Castiel estava sério, mas gostava da sua própria idéia, já que significava ir comer e dormir de graça no sítio dos pais de seu melhor amigo.

Os dois conversaram mais um pouco, e foram avisar á todas aquelas garotas e garotos que agora já tinham planos para as férias todas.Eu estava em casa, depois do banho me joguei no sofá e abri um livro de Sherlock Holmes que eu já tinha lido três vezes; mas ainda era meu favorito.Eu adoro o fato deles serem todos narrados por Wattson, assim você nunca sabe o que Sherlock está pensando, ele é misterioso, imprevisível e nunca se sabe o que está passando pela cabeça dele. Que nem o Lysandre.

Depois de terminar aquela leitura por uma quarta vez, eu fui arrumar minhas malas, jantar e dormir. Alias, tentar dormir, por que a ansiedade me deixou tão pilhada que eu não consegui fechar meus olhos e relaxar.

- É hoje é hoje é hoje, é hoj...- Eu saltitava alegremente, mas Lysandre tapou minha boca para ter alguns segundos de silêncio finalmente.Percebi que no lugar  do carro que Leigh dirigiria comigo e Lysandre, havia mais um ônibus de viagem... Lotado de amigos meus. “ Castiel me subornou pra ir junto.. Com todos eles.”Sorriu sem graça o moço de olhos bicolores.

- Mas se vão levar tanta gente, como é que não convidaram a Rosalya também?- Eu disse, colocando um dedo na boca, achando que poderia ter me enganado, e que ela deveria estar em algum canto por ali.Bobagem, ela não estava ali mesmo, o que fez Leigh se afogar e Castiel dar um tapinha nas costas dele, já que precisamos de um motorista vivo, de preferência.

Letícia e Dake estavam no ultimo banco do ônibus, com fonas de ouvido, e chutando os bancos da frente, por isso não tinha ninguém sentado no penúltimo banco. Nathaniel estava sério e de braços cruzados no primeiro banco, encarando os que ainda estavam de pé, com Seltyh dormindo em seu ombro; cozinhar tanto no dia passado deve ser mesmo exaustivo. Dart Vader ocupava dois banco inteiros para ir deitada, e Kentin ia no banco de trás, cutucando mechas ruivas da garota com um sabre de luz verde de brinquedo colecionável, para ela não tê-lo mandado ir pastar devia realmente estar com sono, acho que o clima de “ontem eu quase me matei, e ainda fui forçado á estar aqui” estava em todo mundo, exceto em mim, se bem que eu queria que fossemos apenas eu e Lysandre.

Barbie e Alexy estavam logo atrás do banco de Nathaniel , mostrando que  os pais fizeram a irmã vir junto, e Armin e Layla estavam jogando PSP felizmente por ali também. Mylena estava sentada de pernas cruzadas, e Dimitry estava deitado nas pernas dela, e seus dois metros de perna ocupavam o corredor todo:  Lysandre riu e me pegou no colo para passar por ali para irmos sentar, o que me fez ficar roxa e me mexer no colo do moço, alegando que conseguia passar ali sozinha, apesar dos meus um metro e meio de altura.

- Não, eu vou ficar na janela, que saco! – Isa-chan berrava, cruzando os braços no meio do corredor.

- Desejo realizado. – Respondeu Castiel sem nem se levantar da janela, apenas puxando a moça pro seu colo, o que a deixou mais vermelha do que já estava. Mas não reclamou.

Bea e Jade pareciam estar se desentendendo pela primeira vez, Beatriz queria saber por que ele namorava uma garotinha de 12 anos, se tinha segundas intenções, e Jade parecia simplesmente não captar o por quê daquelas perguntas todas, e qual a diferença de 12 para 22 anos.Merry e Aline estavam rindo juntas com revistas de moda, e no banco de trás Thais e Dajan conversando silenciosamente sobre algo que eu não faço idéia do o que seja. Apesar das pessoas dizerem que o Dajan gosta desta tal Linda, acho que ele se interessa muito mais pela Thais, ou vai ver são só melhores amigos mesmo. Leigh começou á dirigir e eu me joguei em um dos assentos na janela do ônibus, e Lysandre se sentou do meu lado. Eu fiquei apenas encarando-o por ter me dito que seriamos apenas nós dois, para que ele pudesse conversar comigo sobre alguma coisa que tinha relação com o show.Como ele pretendia me explicar com tanta gente pra fazer barulho e tirar nossa atenção? Algo me diz que há muito mais que eu não sei. Lysandre percebeu que havia me desapontado e me abraçou, mesmo estando de braços cruzados e encarando-o como se quisesse botar fogo nele enquanto dormia. Tentei fazê-lo me soltar, mas eu sentia o calor do seu corpo, junto com um sentimento, que devia ser amor  ou culpa passando dele para mim, acalmando-me e me fazendo parar de resistir.

- ... Não acredito que você me domesticou. – Eu bufei, abraçando-o também e ficando imóvel por longos minutos.

- Pois eu acredito. E não foi fácil, levaram anos. – Sorriu Lys-Fofo, encerrando a nossa conversa pelas duas horas de viagem; ficamos ali abraçados, apenas ouvindo os outros conversarem e tentando se matar pelo caminho todo.Pelo que entendi, Dake e Letícia estavam usando o fone de ouvidos de Alexy, que queria-o de volta, e Barbie não estava conseguindo acalmá-lo.

- Chegamos á casa do mato, insetos e cavalos que correm sem celas, viva. -  Falou Merry sarcasticamente, sem emoção. Desceu do ônibus com Aline e o professor Riderick, que aliás eu nem tinha notado que um professor tinha vindo junto e foram dar olá aos pais de Leigh e Lysandre, que estavam nos esperando . O restante teve de acordar antes de descer também.

Os pais de Lysandre pareciam muito empolgados, até por que normalmente só vai Leigh.

- Óh meu Deus, é ela! A garotinha que jogava lama no meu filho e batia nele, parece que ele gosta de apanhar, não?-  Disse a senhora mãe do Lysandre, me abraçando sem querer me soltar mais. “E você nem imagina o quanto” Eu tentei dizer, mas Lysandre corou e tampou minha boca no último segundo.

Por outro lado, eu vi o pai de Leigh brigar com ele por não ter levado a Rosa de novo. Mas não entendi por que ele não a levava lá, tudo bem que ela não gosta de mato, animais nem insetos, mas não doeria acompanhar o namorado até a casa dos pais por poucos dias, ainda mais por ser importante para ele, mas foi ele quem não a convidou, não faz sentido para mim.

Em pouco tempo meus olhos brilharam com a presença de tantos cavalos, coelhinhos, vacas, galinhas, cães e outros animais correndo livremente pela grama recém cortada. Mas quando tentei sair correndo por todos eles, senti algo me segurar pelo feixo do sutiã, o que funcionava como puxar um cão pela coleira; eu não consegui nem mesmo dar um passo.

- Nada disto, você vem comigo. – Sorriu Lysandre de um jeito que me fez corar, me arrastando para dentro da casa dos pais dele. Todos os outros saíram correndo como baratas pelo enorme espaço aberto que é o Rancho Dixon.

- .. Dá pra me dizer logo o que me fez vir até aqui para me contar? – Eu bufei, querendo sair correndo e rolar pela grama, mesmo que isto significasse passar horas tentando tirar a grama do meu cabelo depois. Lysandre apenas fez que sim com a cabeça, enquanto me arrastava para um quarto cheio de desenhos e poemas colados pelas paredes, juntamente com alguns microfones e pilhas de livros pelos cantos; era o quarto dele quando ainda morava com seus pais.

- ...Tá vendo? Os meus não são grandes, os dela é que são. Não ouse mais me chamar de vaca leiteira. – Bufou Karine do lado de fora, apontando para uma vaca malhada holandesa que estava pastando.

- ...Levando em conta que a vaca tem um só, e os seus dois juntos ultrapassariam o tamanho do dela ... – Nathaniel ponderava com uma mão no queixo, com se fosse algo difícil de verificar.

- Não ultrapassaria não ! – Karen bateu os pés na terra fértil, realmente brava. Nathaniel começou á gargalhar, como se o que quisesse fosse apenas deixá-la naquele estado, e a puxou pela mão para correr dentre as árvores.

- ... Está procurando algo, Jack Sparrow? – Isabelle disse com as mãos na cintura, encarando Castiel, que por sua vez encarava as vacas que Nathaniel e Karine estavam encarando há pouco tempo. “ Nada não” , ele disse.  Mas a verdade é que uma certa garota muito Linda deveria estar ordenhando as vacas, mas não estava.

Das pessoas que já estavam na casa antes de chegarmos, além dos pais de Lysandre, vi uma garota loira de olhos bicolores de trajes vitorianos e um garoto tocando violão, em uma árvore. Dajan, Thais, Aline, Rick e Merry foram conversar com eles, como se já fossem todos íntimos. Mas quando se aproximaram, uma garota de macacão jeans e baldes vazios, que eu imagino que fossem para ordenhar vacas, viu todos ele ali reunidos, e apenas derrubou os baldes e saiu correndo para dentro da casa, desesperada e com os olhos começando á lacrimejar.

- ... Meu cachorro não morreu, está aqui? E... E MEUS PAIS ME DEIXARAM LEVAR ELE PARA CASA? Lysandre, eu te amo, cadê meu cachorro? – Eu vibrei, me levantando da cama de Lys, super feliz. Uma das coisas mais preciosas do mundo era aquele Cocker Spaniel preto, podia ter pedigree, mas se comportava como um vira-latas travesso. Eu sai correndo para fora encontrar meu cão , e Lysandre veio atrás de mim, berrando “ Espera!” .

Eu sai correndo pelo mato, eu sabia que meu cachorro estaria caçando por ali, já que ele não come ração, só sangue fresco.

- Por que trouxe esta pessoa aqui, Lys? – Dizia a garota que chorava enquanto chegava correndo e abraçava o rapaz de olhos multicolores.Eu parei a busca ao meu cão para observar aquela cena;  eu conhecia-a, especialmente de costas e abraçada á algo que eu chamava por enquanto de meu namorado,  até por que  ele tinha uma foto dela na carteira ; Linda. Eu tive certeza que era de mim que ela acabara de dizer que não era para estar ali, então voltei á ir procurar meu amado cãozinho.

- Amano-kun, cadê você? -  Eu sentia vontade de chorar enquanto gritava o nome do meu cachorro, sem entender por que aquela garota estava aqui também, na cada do Leigh e seu desprezível  irmão mais novo.

- Calma Linda, achei que já estivesse tudo bem com você e Dajan, não achei que fosse pirar desta maneira!- Lysandre tentava acalmar a moça, mas eu não estava mais perto para saber que era a presença de Dajan que a fizera chorar, e não a minha.

- Amano, o urso negro da floresta, devorador de coelhos e pássaros inteiros? O máximo que vai conseguir encontrando-o será ver ele almoçando sua perna.- Uma loira de cabelos curtos e olhos bicolores zombou de mim, séria e irritada.De qualquer forma, apesar da ameaça pude sentir que ela conhecia bem o meu Amando-kun.

Eu sorri para ela, que estava acompanhada pelo desconhecido que segurava um violão e Leigh no meio das árvores. Eu gostei do semblante irritado dela, por que claramente a culpa não era minha;A presença de  Leigh corado mostrava-me que era com ele que ela estava brava. Derrepente, os olhares daqueles três se arregalaram para o chão, eu tentei acompanhar de onde surgia aquele olhar e vi minha querida bolinha de pelos preta no chão com a boca toda suja de sangue de não-se-o-quê.

- AMANO- KUN! Meu querido, que saudades! Não acredito que meus pais me disseram que você tinha morrido.- Eu disse, enquanto Amano pulava para o meu colo e eu o abraçava sem me importar com o sangue, e a vontade de chorar agora era de alegria.

- Que estranho, nunca vi ele dócil.Ela é então a “Amanda”, dona do Amano que sempre falam? – O manolo do violão perguntou á moça .

- Sim Léo, deve ser ela.- A garota sorriu, em harmonia com a minha alegria. “Liz e Léo, vocês viram a Linda? Ela está chorando.” Disse Leigh a aquela garota e aquele manolo de violão, o que fez os três irem atrás dela, que ainda estava abraçada ao Lysandre.Eu preferi ficar jogando gravetos para o Amano buscar e largar alegremente nos meus pés.

- Amanda, você não viu o que aconteceu? Por que está aqui sozinha? – Letícia veio correndo, de mãos dadas com Dakota para falar comigo. Dakota por sua vez aprecia assustado, tentando impedir que Letícia se aproximasse, mas não entendi por quê.

- Vi, eu e Linda estávamos com nossos cães trocados, só isso. Mas acho que a troca já foi desfeita agora. – Eu respondi, pegando Amano no colo enquanto olhava ao longe Lysandre, Linda e todos os outros tentando consolá-la. Letícia não entendeu bem o que eu quis dizer, mas sentiu pena.