Capítulo 25: Enconde-esconde.

- CÓCOCORÍCOOOÓ, COCOC... -  Era o som que interrompera a manhã, acordando a todos os seres presentes no rancho, ecoava tão alto que até defuntos enterrados por ali devem ter acordado. ...O estranho é que eu achei que não tivessem galinhas nem galos aqui ...

- Pare com isso, seu infeliz. É muito cedo. – Disse Barbie, tampando a boca de Alexy, que havia imitado um galo para trollar gentilmente todos os seus amigos, e os pais de Lysandre que se levantaram correndo para preparar o café da manhã, achandoque já eram 6 horas.

As pessoas da casa foram acordando e formando maravilhosas filas para o banheiro.Eu não estava lá.Não que eu ache que alguém tenha notado.

- Vamos logo aí, eu preciso mesmo lavar meu rosto, Dake! – Disse Beatriz, batendo na porta do banheiro.O loiro parecia ter morrido lá dentro, por que não respondeu, ouvia-se apenas o barulho de água corrente, para o desespero dos que precisavam usar o “trono”.

Armin e Layla acordaram cedo, e já tinham usufruído do banheiro, estavam já na cozinha tomando café da manhã. – A senhora cozinha muito bem, dona mãe do Lysandre. – Sorriu Layla, levando o leite fresco com biscoitos de chocolate até a boca.Era de fato tudo fresco, recém colhido na fazenda.

- Obrigada querida, pode me chamar de Ellen.- Sorriu a gentil senhora morena, assim como Leigh. Logo Dake e Bea desceram para a cozinha também, seguidos de Castiel e Myh, que vinha se segurando pelas paredes por causa do pé, apesar de estar bem melhor.

- ... Mais alguém notou que a Amanda não voltou ontem, não dormiu aqui, nem nada? – Mylena suspirou, preocupada.

- Lysandre saiu de manhã atrás dela, mas ainda não voltou. A esta altura, ela já deve tê-lo matado, esquartejado e enterrado em algum lugar. – Riu Castiel beijando a testa de Isabelle, que descia as escadas ainda com cara de sono. “Bom dia” disse a ruiva abraçando-o, apesar da brincadeira do dia passado de chamá-la de tábua, a garota deve ter perdoado o rapaz por que sabia que não era uma, caso contrário, Castiel estaria vendo a grama crescer pela raiz neste momento.

- De qualquer forma, ele não deve estar necessariamente procurando Amanda. – Karine bufou, descendo as escadas sentada no corrimão; era deveras divertido.

- O que quer dizer com isso?- Bea arregalou os olhos para a amiga, que fez Karen mostrar aos outros que Linda também não se encontrava em casa.Demorou um pouco até todos se darem conta de que não eram seis da manhã, mas cinco, apesar de não terem voltado á dormir: Já estavam de fato acordados e prontos para o dia maravilhoso que seria hoje.

- Não, Linda fica com os cavalos desde muito cedo, por isso não está aqui. Lysandre costuma ir no viveiro de coelhos, vocês deviam ir conferir, fazendo-me um favor. – Sorriu a gentil  mãe de Lysandre, colocando um bolo de cenoura sob a mesa. E assim meus amigos fizeram, depois de comer do bolo, claro.

Karen entrou correndo no estábulo, arrastando Nathaniel pelo braço que parecia adorar o contato físico com a ruiva, apesar da força dela o estar machucando.Não por ser fraco, mas pela velocidade que Karine corria ,Nathaniel não conseguia acompanhar, deveria estar deslocando o ombro apesar do sorriso malicioso que viva em sua face quando notava estar sozinho com minha melhor amiga. “ Não está aqui.” Disse Nath afagando a crina de um dos cavalos. “Ótima observação, Sherlock.” Karine zombou, o que fez Nathaniel dar um tapinha em sua parte traseira.”É assim que fala comigo, Dtra. Wattson?” Disse Nathaniel, inteirando-se na brincadeira, fazendo os dois rirem. ”E como eu devo falar com você, então?” Desafiou Karen, ainda rindo. Nathaniel não a respondeu, apenas a puxou pela cintura e roubou um beijo violento.Karine tentou escapar, até decidir enroscar seus braços no pescoço do rapaz ousado e beijá-lo também.

“Já disse que consigo andar, me larga!” Myh bufava, cansada de ser tratada como se estivesse grávida.Dimitry apenas fez que não com a cabeça, e continuou carregando-a até o sofá da sala. “Já basta ter se machucado, eu não sei o que faria se algo mais acontecesse com você.” O rapaz disse serenamente e extremamente sério, realmente preocupado com sua donzela ferida. “Por que não cuida da sua vida?” Mylena quase rosnou, realmente querendo se levantar sozinha e ir ajudar com a confusão que se formara naquele rancho. ”Estou tentando, mas ela é muito teimosa.” Sorriu Dimi, se curvando para beijar a morena, que apenas corou e deixou que seus lábios se unissem como um só, por longos minutos.

“... O que você via na Debrah não vê em mim, não é? Por que eu não tenho nada a ver com ela, muito menos me visto daquele jeito ridíc...” Isa mudou de idéia sobre a pergunta, mas ela já havia escorrido dentre seus dentes , em um pensamento alto. Continuou olhando ao longe e andando, á procura de Amanda ou Linda, sem muito sucesso. Castiel engasgou, e se virou para fitar a ruiva. “Nem eu sei o que vi nela.Mas é por isso que eu te am ... Gosto tanto de você, é diferente.Não só da Debrah, como de todas.Sua tábua.” Castiel estufou o peito, andando  como se ainda possuísse a mesma aparência de durão como quando Isa entrou na escola. A ruiva apenas sorriu, sabia o quanto era difícil para ele tentar demonstrar afeto, e o quanto deveria ter doído no orgulho do moço. “Eu também de am...Gosto de você.” Isa fez a mesma pausa de Castiel quando quase disse á ela que  a amava de propósito, para que ele percebesse que ela notou o que ele iria dizer realmente. Riram sozinhos.Castiel fingiu escorregar quando havia uma descida muito íngreme na grama, derrubando Isa também.Os dois desceram o morro rolando, ao final dele Castiel prendeu a menina contra o chão.

Pela primeira vez,  Dake estava quieto e de semblante casto andando ao lado de Letícia, esperando-a encontrar Amanda ou Linda.Não que ele não quisesse encontra-las também, mas ficar admirando a beleza da garota de cabelos naturalmente roxos era realmente muito mais interessante para ele.Um ponto de interrogação se formava na cabeça de Letícia por causa disso, o que teria transformado aquela pessoa cômica da praia na criatura calada ao seu lado agora?Seria algo que ela teria feito, talvez?

Leh fitava o rapaz discretamente com o canto dos olhos, sem saber se perguntava ou não o que o incomodava.

-...Está tudo bem?- Quem perguntou  na verdade foi Dake, tirando uma das mãos do bolso da calça para puxar a garota pela cintura para andarem mais rápido, já que ela tinha parado de andar assim que ele abriu a boca.

-... É você quem está estranho, não costuma ficar calado deste jeito. Aconteceu alguma coisa?- Leh sussurrou, pela quantidade de pessoas naquele rancho era melhor não arriscar falando alto.

Dake riu. –Na verdade, sim. Eu sei que já fui muito .... “paquerador”, e como nunca passei tanto tempo com a mesma garota, tenho medo de perder você.É como se fosse escorregar de mim á qualquer segund...- Leh interrompeu Dakota, sorrindo. É óbvio que ela também gostava dele, do jeito como ele era, e bastou um olhar para que ele compreendesse.O rapaz retribuiu o sorriso e voltou á ficar falante, apesar de quase nada que saía daquela boca realmente tivesse graça , Leh ria da maioria.Era a primeira vez que Dake andava de mãos dadas com uma garota, sem ter a intenção de trocar saliva com ela, para depois abandoná-la.E ele estava gostando disso.

-Viu como eles são fofos? Superam suas diferenças sem discutir.- Jade apontava para o casal Dakota e Letícia. Bea riu, abaixando o dedo que ele usava para mostra-los.

-Então, quer dizer que nós já discutimos? Quando foi isso?- Brincou Bea, encarando-o.Esperava que fosse qualquer outra discussão que não fosse a da noite passada.

-Você podia ser mais flexível, como o bambu.Apesar de aceitar se curvar, é uma das plantas mais resistentes do m...- Disse Jade, até um dos dedos de Beatriz tocarem seus lábios, fazendo-o emudecer.A garota ficou encarando o namorado de cabelos verdes, lembrando da cena de quando conheceu a “sogra” , e dela não ter gostado nada dela.Mas a feição se misturava com a preocupação de saber exatamente o que Jade queria dizer por “se curvar”.

-... Não esqueça que eu só tenho doze anos.-Bea revirou os olhos, dando um passo para trás.

-Oh, não quer brincar de gente grande?- Jade sibilou sério, apertando Bea contra o peito.A garota ficou vermelha e envergonhada, e não respondeu nada; Há horas em que calar é melhor.O silêncio repercutia pelas árvores, mas foi quebrado assim que Jade começou á rir histericamente.

-Professor, quer mesmo ficar andando no meio desta floresta toda?- Merry perguntou, encarando Rick.

O homem abriu um meio sorriso, acariciando os fios rosados que formavam o espesso cabelo de Merry. –Não me chame de professor. ... Sim, elas precisam estar bem.Não imagino o que seria do teatro da escola sem a Amanda.- Rick sorriu ao ver a careta que se formara no rosto de Merry. Apesar das outras garotas desprezarem um pouco Merry, Rick sabia que ela não era esnobe como parecia; a sutileza e o afastamento faziam parte da personalidade dela, assim como da personalidade do rapaz.”Se quer continuar andando, vai ter de ir sem mim, estou cansada.” Disse Merry, parando para apalpar os tornozelos. “Nada disso.”Disse o professor, puxando Merry para seu colo; deveriam caber duas dela ali, apesar de corada e de não conseguir parar de fitar o rosto de Riderick daquele ângulo, não disse mais nada.

Aline procurava sozinha, de cabeça abaixada.Estava feliz pelas melhores amigas terem pessoas que gostariam de ficar mais próximas que á ela, mas isso começava á irritar.Não por inveja, mas por estar sozinha mesmo depois de ter passado uma vida inteira sem se sentir assim, exatamente com todas as pessoas que estavam ali: Sentia-se abandonada. Derrepente, pode ouvir algo que agradou á seus tímpanos.Reconheceu que era Sweet child o’mine de Gun’s Roses, mas era apenas com violão.A música não possuía voz nenhuma acompanhando-a pela letra, mas estava fantástico mesmo assim:Quem esperaria um show particular no meio da floresta?

“I hate to look into those eyes

And see an ounce of pain”

Aline não conseguiu se segurar, e passou á ser a voz que cantava a música.Tentava encontrar de onde o som vinha, sem sucesso.Léo se divertia em tocar seu violão de cima da árvore, ainda mais agora que Aline estava ali também, mesmo que não pudesse vê-lo. Duas almas antes solitárias cruzavam suas vidas sem nem mesmo se dar conta disso, neste exato momento.

Apesar de procurarem juntos, Lizzieh e Leigh não diziam nada.Ela já sabia o que ele tinha á dizer:Ele não queria ouvir o que ela tinha á dizer, era mais divertido o silêncio, e a ilusão de que aquela loira de olhos bicolores podia pertencer-lhe , mesmo que pela fantasia de alguns minutos.Agora começava á ponderar sobre Rosalya, e como diria á ela que a amava sim, mas um amor de amigos, e se deveria mesmo trocar a Rosalya sempre sorridente por aquela bipolar á seu lado.

-Sabe o que o lápis disse para o grafite de lapiseira?- Sorriu Alexy, segurando Barbie pela cintura.

-“Estou desapontado com você.”- Disse Barbie, rindo mesmo conhecendo a piada que já era sem graça.Era melhor quando ele estava fazendo piadas sem graça do que quando trollava seres vivos inocentes.

-... Não devíamos estar ajudando?- Perguntou Layla, no sofá com a cabeça deitava na perna de Armin.Ela jogava vídeo-game com ele e com Kentin, enquanto Barbie e Alexy estavam contando piadas ridículas na frente do ventilador para a voz sair como as dos manos da banda Foo Fighters, e Dart ficava lendo uma revista em quadrinhos da Marvel no tapete. Todos fizeram que não com a cabeça, já que tinham pessoas até demais para procurar só duas garotas que não apareciam a mais de 24 horas.

Dajan estava quase lacrimejando, sem camisa pelo suor. “LINDA, ONDE VOCÊ ESTÁ?” Ele gritava, nervoso e preocupado.Thais nunca tinha visto aquele rapaz daquela maneira; Ele era sempre calmo, fazia uma cesta de cada vez.Nem mesmo segurando mais na sua mão ele estava;  Não sabia por que Dajan e Linda haviam terminado, mas estava claro que ambos ainda sentiam algo um pelo outro.

-Esse lugar é enorme, e eu acho que vi algo roxo me olhar de lá...- Thais disse, apontando.Dajan sorriu, correndo até o lado apontado, arrastando Thais pela mão, como costumava fazer.

-Droga, eram os olhos roxo errados. O que está fazendo aqui, Amanda?- Dajan bufou, voltando á olhar para todas as direções, á procura de Linda.Thais entrou no mesmo estado de choque que eu, olhando para frente.

-...Olhando aquilo.- Eu sussurrei enquanto segurava Amano no meu colo, que dormia tranquilamente.Também pudera, eu passei a noite toda admirando o que Lysandre fizera por mim, bem ali.Amano teve um trabalho imenso de me arrastar até aquele local, fico imaginando como alguém que não foi eu conseguiu ensinar alguma coisa á este cão cabeça-dura.